“Hoje, dia 1 de Dezembro de 2014, as pessoas por todo o mundo comemoram o Dia Mundial de Luta contra a SIDA para aumentar a sensibilização para o VIH/SIDA.
Por Luís Sambo (*)
O tema da comemoração deste ano é: “Colmatar a Lacuna”, que oferece uma oportunidade para intensificar a advocacia para reduzir as disparidades entre as pessoas que têm acesso aos serviços de prevenção, tratamento, cuidados e apoio relativamente ao VIH e as pessoas que não têm acesso a estes serviços e que estão, efectivamente, a ser deixados para trás.
Na África Subsariana, a zona do mundo mais afectada pela pandemia do VIH/SIDA, vivem quase 25 milhões de pessoas com o VIH/SIDA. Nove em dez crianças que vivem com o VIH/SIDA em todo o mundo encontram-se na África Subsariana.
O impacto negativo da doença é evidente, já que afecta todos os domínios da vida. À medida que os pais e os trabalhadores sucumbem às doenças relacionadas com o VIH, as estruturas e a divisão do trabalho nos agregados familiares e nas comunidades entram em colapso e o dia-a-dia é afectado, sendo as mulheres quem acabam por arcar com a maior parte das dificuldades.
No entanto, realizaram-se progressos significativos na luta contra o VIH/SIDA na Região Africana. Os óbitos relacionados com o VIH, à semelhança do número de novas infecções por VIH nos adultos e crianças, têm vindo a diminuir. Hoje em dia, há mais pessoas do que nunca a receber terapêutica anti-retroviral na África Subsariana. Só em 2013, mais 1,5 milhões de pessoas que vivem com o VIH começaram a fazer a terapêutica anti-retroviral, elevando o total de pessoas que recebem esta terapêutica para mais de nove milhões. Em resultado do aumento do acesso ao tratamento para o VIH, o número de pessoas que morrem de doenças relacionadas com a SIDA diminuiu.
Estas conquistas foram possíveis graças à responsabilidade e solidariedade partilhadas dos governos africanos e de muitos parceiros, através de investimentos financeiros significativos na resposta ao VIH/SIDA. Os fármacos e as matérias-primas tornaram-se mais acessíveis em todos os países, as formas de prestação dos serviços foram alargadas, o activismo promoveu a visibilidade da epidemia do VIH/SIDA e, crucialmente, as pessoas que vivem com o VIH/SIDA têm estado na dianteira da reposta.
Os progressos contínuos registados até ao momento dão-nos a esperança de que podemos vencer a batalha contra o VIH/SIDA. Não obstante, é preciso fazer muito mais para colmatar as lacunas significativas que ainda persistem. A maioria das pessoas da Região desconhece o seu estado serológico para o VIH, o que sublinha a importância de se alargar a disponibilidade dos testes do VIH. O acesso à prevenção e tratamento do VIH continua a não ser adequado, sobretudo para muitas crianças e populações de alto risco que estão, deste modo, a ser deixadas para trás. Uma percentagem importante da população ainda abandona o tratamento e muitos dos programas nacionais para o VIH na Região dependem grandemente de financiamento internacional.
Gostaria de aproveitar esta ocasião para exortar os países a colmatarem estas lacunas e a darem prioridade ao investimento de mais recursos para ajudar a alargar os esforços de prevenção do VIH.
É fundamental eliminar as desigualdades e os obstáculos no acesso aos serviços para o VIH, promover o teste do VIH para todos e seguir as orientações da OMS relativas à prestação de terapêutica anti-retroviral precoce para as pessoas que vivem com o VIH/SIDA, evitando que haja interrupções no abastecimento de medicamentos com vista a melhorar a adesão e a fidelização dos doentes, e reduzir a resistência aos fármacos.
Ao comemorarmos o Dia Mundial de Luta contra a SIDA, lanço um apelo a todos os países e parceiros para manterem e reforçarem a solidariedade na luta contra o VIH/SIDA na Região Africana.”
(*) Director Regional da Organização Mundial de Saúde para África